sábado, 30 de agosto de 2014

Dama do Mar

O texto de Ibsen está sendo montado na Casa de Cultura Laura Alvim. O cenário conta com dois aquários, um grande, alto; e um pequeno, com algumas carpas.

O romance conta a história de uma mulher que se diz um ser do mar. Seu marido, um psiquiatra viúvo, lhe prescreve remédios e afirma que ela está doente.

Ele, por sua vez, possui duas filhas. O desenrolar da história é interessante, apesar de a peça, como um todo, permanecer unítona. O final não parecia final; não houve muita evolução dos personagens, enfim, um potencial desperdiçado.

As atuações são boas, convencem.. O aquário maior não estava funcionando, e isto pode ter atrapalhado a cena final, em que é utilizado, prejudicando um pouco o resultado.


Nota - 6,0

Laura Alvim - sex sab 21 hrs


terça-feira, 26 de agosto de 2014

Ricardo III

A incrível montagem estrelada por  Gustavo Gasparani é sem defeitos. O diretor da também muito aclamada peça "Samba Futebol Clube" constrói um monólogo do texto de Shakespeare utilizando poucos recursos e a boa vontade da platéia. Dá certo.

 A participação da platéia é essencial para a construção da idéia de espaço. A interação traz outro nível de envolvimento com a história. 

O ator dispensa qualquer tipo de comentários. Convence tão bem como o rei enfadonho que dá título ao espetáculo, quanto como uma rainha deposta. 

Sem dúvidas uma das melhores peças em cartaz no Rio de Janeiro ultimamente. 

Nota - 9.5

Teatro Poeira sexta e sabados 21 hrs

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

As Três Irmãs

No sábado assisti a montagem das "Três Irmãs", de Tchekov. Encenada no Cosme Velho, as 16:30, no jardim, a peça utiliza a passagem do dia para a noite maestralmente, como um item essencial na percepção da história. A nobreza russa em decadência mostrada por Tchekov em seu texto cabe perfeitamente num jardim - representando uma casa sem teto, em ruínas. 

São 13 atores. A história é longa e o texto é bem trabalhado. A relação do texto com a natureza, com o espaço físico da 'casa' e da estrutura familiar ficam muito bem encaixados tendo um jardim como elemento cênico.

A peça terminou as 6 horas e 15 minutos, mas pareceu-me mais tempo, pelo fato de entrar no local de dia, e sair de noite. Existe um pesar nesta passagem que nos faz pensar que realmente mergulhamos no interior da Rússia.

Todos os atores são muito bons, principalmente as 3 irmãs. É uma peça linda, com um texto magnífico, que aborda um tema universal: o tempo. O tempo e suas nuances; como os sonhos continuam os mesmos; como nós continuamos os mesmos, apesar de tudo; como projetamos nossa mente para o futuro, e assim, esquecemos de viver o presente.

Ah, por último mas não menos importante - o espetáculo é gratuito. Recomenda-se chegar de meia até uma hora antes, para garantir lugares.


Nota - 9.0

Casarão Austregésilo de Athayde
Rua Cosme Velho, 599
Sábados e Domingos 16 hrs

domingo, 17 de agosto de 2014

Fala comigo como a chuva e me deixa ouvir

Que maravilha foi a experiência! Sim, experiência, pois é mais do que uma peça. Encenada na Casa da Glória de maneira itinerante, percorremos o jardim e os cômodos, presenciando momentos do casal vivido pelos atores Ângela Câmara e Saulo Rodrigues. O texto é de Tennessee Williams.

Fui acompanhada de uma amiga e lá encontrei com meu professor de teatro. Muda-se de cenário umas 6 vezes, sempre embalados por uma trilha sonora escolhida a dedo, de Red Hot Chili Peppers até um delicioso jazz. 

A cena na piscina é emocionante, e no caso, o dia estava lindo, passarinhos cantando compunham o som ambiente e o sol batia quente, mas leve, numa agradável tarde de inverno. Descemos as escadarias  levemente extasiadas; eu particularmente achando que agora sei um pouco mais sobre o complexo tema do amor. Meu professor confessa que o espetáculo batera fundo em seu coração. 


Nota: 8.5


Casa da Glória - sab e dom 14 e 16 hrs 

Vianninha conta o último combate do homem comum

De início, muita coisa a ser dita sobre a peça: originalmente chamada "Em Família", é o primeiro projeto a ser revitalizado pela Associação Brasileira de Autores Teatrais, uma das mais antigas do mundo;  de onde o pai de Vianninha, o também dramaturgo Oduvaldo Vianna, fazia parte.

A montagem é uma homenagem aos 40 anos da morte do autor. O diretor Aderbal Freire-Filho afirmou ao Rio Show que "A peça é um retrato da sociedade brasileira que começa a se destacar na década de 1970. Uma sociedade de massa que sai de um passado agrário e emerge como o rascunho de um país mais numeroso que o Vianna estava assistindo nascer, e a todos os seus novos protagonistas. É a história do homem perdedor, mas que reage, que tem atuação direta".

Assisti a peça no sábado, com uma amiga que tem me acompanhado na missão de uma peça por semana. Pegamos o carro menos de uma hora antes da peça, e conseguimos bons lugares. O teatro não estava muito cheio. Nada parecido com Incêndios, sua antecessora no Poeira, que só consegui lugares no poleiro.


Ás 20 horas e 5 minutos o espetáculo começa. 10 atores no palco; a coxia é aberta, os atores visíveis o tempo inteiro. Um palhaço faz umas graças, e a história começa. A história sobre um casal de idosos despejado de sua casa parece muito atraente, e conduz o espectador; os filhos do casal são tipos que muito provavelmente já convivemos na vida real. São muitos os pontos que ligam a família de Souza ás famílias brasileiras. 

Mas cansa. Com 1 hora e 20 de espetáculo comecei a olhar incessantemente no relógio; minha amiga me encarou e eu tive que fazer uma cara de "desculpa por ter te arrastado pra cá". Apesar de informarem a duração de 110 minutos, ou seja, 1 hora e 50, foram 2 horas e 10 minutos de peça. Além de entediadas estávamos morrendo de fome. 


Poderia ter 20 minutos a menos. Talvez eu saísse de lá com uma impressão geral melhor, se fosse o caso. De qualquer maneira, fica a reflexão sobre família e suas relações. 


Nota: 6.5


Teatro Poeira - quinta a dom 21 hrs (R$50,00)

Trágica.3

 A peça se apropria de 3 tragédias gregas:Antígona, Electra e Medéia. Letícia Sabatella, Miwa Yanagizawa e Denise Del Vecchio, respectivamente, representam as personagens.

Composta por mais dois atores/músicos, que ficam a cargo dos outros personagens presentes e da trilha sonora, a peça comove do primeiro momento até o final. Antígona, a primeira das histórias a ser encenada, tem Letícia Sabatella numa interpretação muito comovente e emocional; sua voz é suave e doce, além de cantar lindamente. 

Miwa Yanagizawa, Electra, preenche o palco e prende o espectador do início ao fim, no discurso de vingança entoado da personagem. A luz, utilizada para reiterar a linguagem, funciona muito bem.

 A Medéia de Denise Del Vecchio é formidável, e através da estética p&b trabalhada na luz, nas projeções e no figurino, consegue transmitir a dor da heroína grega.

Nota: 9.0

CCBB - quinta a domingo 19 horas (R$10,00)